sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Diário.

Diário feio, bobo e inanimado.

Nem sei porque vou te contar isso. Você é muito fofoqueiro e vai espalhar pra todo mundo, como se eu tivesse colocado na Internet.

Meu dia foi péssimo. Tudo começou ontem, quando eu fui no cabeleleiro e ele deixou meu cabelo horrível. Estou parecendo um espantalho, aposto que ele nem vai olhar pra mim.

Depois tive que ir pra escola. A vaca da professora está implicando comigo sempre, desde que eu falei que ela era uma sonsa. Também, ela tomou meu mp3 que estava cheio de músicas do RBD. Tive vontade de pular no pescoço dela, mas achei melhor me controlar.

Depois tive que voltar pra casa. Odeio ela. Queria tanto ser uma Pussycat Doll, mas nasci nessa bosta de país sub-desenvolvido e tenho que aguentar meu pai ouvindo Beatles o dia inteiro.

Daí me tranquei no quarto e entrei no Orkut. Então, Diário, fui ver se tinha alguma vadia no scrapbook dele e vi que ele apagou todos! Isso é suspeito, deve ter alguém.

Peguei meu mp3 e joguei na parede porque não queria pegar sujeira daquela vaca de professora. Meu celular tocou, aquela música maravilhosa! do Westlife. Atendi era a Má, ela queria me convidar pra ver filme.

Eu fui até a casa dela e nós fomos até a locadora. Ela está muito estranha ultimamente, acho que ela é lésbica e está dando em cima de mim. Enfim, eu escolhi Confissões de uma Adolescente em Crise. Lindsay linda como sempre!

A Má pegou um tal de Laranja Mecânica. Achei horrível, um filme sem sentido nenhum! Depois que assistimos na casa dela eu tive que voltar pra casa.

Quando eu voltei pra casa eu entrei direto no Bd e fiquei lá, fotolog, Orkut...

Então o Pc deu pau e eu perdi todos as minhas músicas! Tchau West, PCD, Britney... perdi todos!

Juro que se os professores não deixarem eu ficar dormindo nas aulas de segunda, eu arranco a cabeça de um!

Tchau, Diário inanimado.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

12 de outubro.

Qual foi a criança que não ficou puta com seus pais nessa data?
Certamente que não fui eu.

É sério. Desde que me entendo por gente, lembro dos dias Da Criança que passei, e não foram só esses. Podem ser incluídos Natal e Aniversário. Incluídos no quê? Nos dias em que sempre fiquei puto.

Puto com o quê? Porra, pára de fingir que nunca foi criança, e em um dos poucos dias em que você espera anciosamente, aguarda como se fosse perdê-lo a cada noite, esperando o novo Super-Ultra-Mega-Power-High-Boneco-Articulado-Do-Batman-Com-Batmóvel, acorda nessa manhã, encontra aquela sua tia esquisitona que sempre falou coisas estranhas na sua presença e ganha... uma camiseta dez números menor que o que você veste. E a desculpa é aquela "Ah, mas você cresceu tanto..."

É chato isso.

É claro que você sempre teve mais tralhas do que o necessário no seu quarto, mas pô, a indústria voltada para os produtos infantis sempre lança algo totalmente revolucionário a cada semana, e se algum amigo conseguir o Super-Ultra-Mega-Power-High-Boneco-Articulado-Do-Batman-Com-Batmóvel dois minutos antes de você, você é um fracassado.

Isso não tem preço. Você vai passar dois dias, dois dias!, com um boneco, tempo suficiente para zoar seus colegas que não o possuem. Mas, como eles são putamente invejosos, vão comprar o mesmo boneco. Daí você tem que esperar o próximo Aniversário/Natal/Dia das Crianças para ter o novo modelo, que voa e faz exorcismos. Sua esperança está em cada centímetro de papel de embrulho vermelho caído ao chão, em que cada caixa revela apenas roupas, roupas e mais roupas.

Seu sonho está quase no chão, quando chega o seu Padrinho. O único que entende sua necessidade de se provar diante seus colegas. É aquele que lhe dá dinheiro e diz "Você já bastante crescido, então é melhor comprar o que achar melhor". Um sorriso brilha em seu rosto, mas é feriado, e você não pode sair para comprar o Super-Ultra-Mega-Power-High-Boneco-Articulado-Do-Batman-Com-Batmóvel na mesma hora.

Você precisa esperar. E é essa espera o tempo fatal. No dia seguinte, sua mãe agarra seu braço e leva você até uma loja, onde compra... mais roupas.

Ignorando todos os lamentos, todas os argumentos que você conseguiu pensar em menos tempo, e transforma o Super-Ultra-Mega-Power-High-Boneco-Articulado-Do-Batman-Com-Batmóvel em uma jaqueta que lembra um tecido usado para fazer guarda-chuvas. A pior parte é se ela enfia você dentro daquilo e manda pra escola.

Então, quado todas as suas esperanças já foram pro ralo, você encontra seus amigos, e vê que todos eles estão com jaquetas semelhantes e seus derivados. Nenhum deles conseguiu o Super-Ultra-Mega-Power-High-Boneco-Articulado-Do-Batman-Com-Batmóvel. É nessa hora que você fica puto com eles, porque todos eles decidiram comprar uma jaqueta igual a sua.

Hunf, essas crianças invejosas...

domingo, 24 de setembro de 2006

E que Murphy esteja com você.

Não estou querendo ser pessimista, mas foi isso que aconteceu comigo na quarta-feira.

Só para dar uma introdução, aqui em Curitiba está um estado preocupante sobre a falta de água. Ou seja, já fazia alguns dias que não chovia. O problema foi que a merda do tempo resolveu desencantar na manhã do dia 20.

Isso é bom em vários aspectos. Porém, como sempre há um porém, nem tudo foi perfeito. Como o já citado Murphy fica atacado em alguns dias, e eu acho que aquela quarta-feira foi um deles, começou a chover antes de eu sair paras ir até a escola.

Uma chuva fraca que, porém novamente, aumentou durante a manhã. O curioso foi que ela aumentava e, logo em seguida, ficava fraca novamente. Às 11:50 horas bateu o sinal e eu me preparei para voltar para casa, como se estivesse me preparando para ir pra guerra. Segurei minha bazuca... digo, meu guarda-chuva e saí belo e formoso pelas ruas do bairro, em direção a minha casa.

Não sei como, mas por quase metade do caminho, eu fui normalmente, quase sem me molhar.

Já estava confiante de que iria chegar em casa apenas com os pés e a barra da calça molhados. Doce engano.
No caminho da escola pra minha casa, há uma reta e, após ela, um morro. Minha casa fica relativamente próxima a escola. Estava na citada reta quando vejo um carro surgir de sabe-se-lá-onde. Eu olhei para baixo. Havia uma grande poça de água entre o meio fio e a rua. Olhei para o motorista. Ele falou algo para o passageiro, apontando para mim. Ambos riram.

"Por mais filho da puta que o cara seja, ele não faria isso", pensei. Mas, para garantir, acelerei o passo, visando sair de perto da poça de água. Logicamente o carro foi mais rápido.

Quem adivinhar o que aconteceu ganha um pirulito.

Sim, o carro passou sobre a poça e eu, na tentativa de salvar meu material de escola, me virei e tentai me proteger com o guarda chuva. Claro que minha calça e um pedaço da jaqueta saíram feridos. Um grito de "Filho de uma égua!" escapou da minha boa. A chuva estava mais forte do que nunca mas eu, que já estava mais puto que todos os cabarés de Paris juntos, larguei o guarda-chuva, peguei a maior pedra que havia próxima aos meus pés, me virei e joguei.

Quem adivinhar o que aconteceu ganha um saco de amendoim.

Na minha cabeça, o carro já staria longe e eu não teria força para fazer a pedra chegar até ele. Doce, mas muito doce, engano. Ele precisou reduzir para passar uma lombada na rua, e a pedra pegou exatamente no meio do vidro traseiro dele.

Fiquei parado por pouco mais de dois segundos para entender o que havia acontecido. Quando ouvi aquele barulho de vidro rachando, virei as costas e saí correndo. Agora, lembram do já citado morro? Então, pra subir ele no gás, com aquela chuva foi a coisa mais estranha que eu já fiz, o que inclui ler a letra "aportuguesada" de Perfect ouvindo Shine On You Crazy Diamond.

Pra minha sorte, não sei se o cara desistiu de me seguir ou simplesmente pensou "Bom, se eu não tivesse feito isso, ele não teria feito isso."

Pelo menos esse cara nunca mais vai querer molhar estudantes em dia de chuva.
Boa tarde.